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Por que jogar moedas em cachoeiras é um problema?

A limpeza e coleta de moedas no Rio Iguaçu foi destaque no site Ecoa, do Uol. A matéria alerta para todos os riscos dessa atividade. Confira:

Você já jogou uma moedinha em alguma cachoeira ou rio para fazer um pedido ou pedir sorte? Sabia que essa simples moedinha está contaminando a água que você bebe depois?

No último dia 5, o Parque Nacional do Iguaçu realizou uma grande intervenção ambiental no Rio Iguaçu, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. A atividade, concentrada na região da passarela das Cataratas do Iguaçu, tem como principal objetivo remover todas as moedas jogadas nas cachoeiras. A ação, feita uma vez ao ano, tem o intuito de limpar a água de metais poluentes.

Ao todo foram retirados 158 quilos e 800 gramas de moedas, de cerca de 40 países. A maioria das moedas já estava em processo de corrosão, e, somadas, alcançavam o valor de aproximadamente R$ 3 mil.

Seu pedido da sorte traz azar para cachoeira.

Segundo André Machado Franzini, gerente de sustentabilidade do parque, muitos visitantes lançam as moedas para fazer pedidos em busca da realização de um desejo, mas acabam ocasionando apenas problemas ambientais, como contaminação do lençol freático e da água, além de de ser prejudicial à saúde dos animais que habitam o ambiente.

“Aproveitamos os momentos que o rio está em baixa, pois dá mais segurança para as pessoas fazerem essa remoção das moedas. Conseguimos fazer um trabalho que propiciou melhor a retirada dessas moedas e mais segurança para todo mundo que estava trabalhando lá”, diz. André ainda ressalta que jogar as moedas é prejudicial ao meio ambiente. “Essas moedas são formadas de metais, níquel e cobre, e em contato com água acabam oxidando. Isso pode liberar toxinas que são prejudiciais. No bolso elas são dinheiro, mas, no meio ambiente, são resíduos”, afirma André.

As moedas ainda são prejudiciais para os animais que habitam o local, alguns até em risco de extinção. “Os peixes podem se despertar pelo brilho e, um dos riscos é de algum animal consumir [as moedas] confundindo com uma presa”, diz o gerente. Além de moedas, nas buscas também são encontrados objetos como celulares, crachás, alianças, colares e outros que, de alguma forma, são deixados nas águas do parque por visitantes.

O que dizem os especialistas?

Liv Ascer, de 37 anos, é doutoranda em fisiologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, e explica que o grande problema de jogar moedas em ambientes aquáticos são os materiais pesados dos quais elas são fabricadas, além da grande quantidade despejada nas águas. “Os metais existem na natureza, mas em concentrações muito baixas.”, diz Liv.

Segundo a especialista, existem dois grandes problemas no acúmulo de moedas nas águas: a quantidade, que pode ser prejudicial para os animais, e o efeito químico, no caso da corrosão, quando as moedas ficam em contato com a água por muito tempo. “Além dos peixes, têm muitas aves que estão no rio e podem ser atraídas pelo brilho dessas moedas”, afirma Liv.

A moeda quando cai na água, ela pode ficar parada entre as pedras ou seguir o fluxo do rio, e passa por um processo químico chamado corrosão, onde libera esses metais pesados na água. Ou seja: eles ficam biodisponíveis. Significa que eles ficam disponíveis para serem ingeridos pelos organismos que vivem ali.

Ainda segundo a doutoranda, que trabalha na área há cerca de 10 anos, a partir do momento que esses metais são liberados na água, fica difícil conseguir se livrar deles. Isso porque eles se associam a outros elementos das células, fazendo com que se acumule no organismo, em um processo biologicamente chamado de bioacumulação.

“Como os organismos não conseguem se livrar desses metais pesados, eles vão se acumulando, e quanto mais velhos são, vivendo em um ambiente contaminado, mais ele vai ter contaminação por metal pesado. Além de trazer uma série de danos fisiológicos para esse organismo, ainda pode ter um processo que chama de biomagnificação”, explica.

Esse processo citado por Liv, nada mais é que: se um peixe consome algum desses metais pesados e fica ali acumulado no organismo, o animal que consome esse peixe, como nós consumimos, também será contaminado. Em casos de animais ainda maiores na cadeia alimentar, eles não vão consumir um peixe contaminado, eles vão consumir 200 peixes contaminados.

Essa contaminação, dentro da cadeia alimentar, vai aumentando. Os organismos de topo de cadeia, os grandes mamíferos, por exemplo, acabam acumulando muito mais. Esse impacto de você jogar uma moedinha na água vai contaminar não só os organismos que estão ali, mas todos acima na cadeia.

Por mais que seja um costume antigo, que passa de geração para geração, não se deve jogar moedas em ambientes aquáticos. A grande acumulação pode ter efeitos irreversíveis ao meio ambiente e aos animais do entorno que vive, inclusive aos humanos. “As moedas são apenas a ponta para se discutir o impacto das atividades humanas, como o garimpo, descarte de metais vindo de indústrias, muito além desses 158 quilos de moedas”, afirma Liv.

Créditos fotografia: Urbia Cataratas

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(Urbia Cataratas – Parque Nacional do Iguaçu)

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